domingo, 26 de julho de 2009

Revelação

Inspiro
Uma
Luz:
Desce,
Acende e ascende,
Ilumina,
Aquece
Queima
O negativo
Revela
Meu mistério
Para ti...

(J.H.R)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vontade....


"Este mundo: uma imensidade de força sem começo e sem fim, uma massa de força compacta como o bronze, que não se torna maior nem menor, que não se consome mas se transforma, um todo de uma grandeza invariável, uma economia sem dispêndio nem perda, mas sem ganho nem acréscimo, cercado do "nada" como limite, sem nada que se dissipe ou desapareça, sem nada de infinitamente extenso; força determinada encerrada num espaço determinado, e não num espaço que estaria de alguma forma "vazio", mas força que é em toda parte um jogo de forças e de ondas de forças ao mesmo tempo unas e múltiplas, acumulando-se aqui, diminuindo lá, um oceano de forças desencadeadas contra elas mesmas e flutuantes, eternamente em mudança, eternamente em recuo, com longos anos de retorno, com o fluxo e o refluxo das formas que vão das mais simples às mais complexas, das mais calmas, frias e congeladas, às mais ardentes, mais selvagens e mais contraditórias, voltando depois da profusão à simplicidade, do jogo dos contrastes ao desejo de harmonia, afirmando-se ainda nesta identidade dos percursos e dos anos, consagrando-se ele mesmo como o que deve retornar eternamente, como um devir que não conhece saciedade, nem desgosto, nem lassidão [...] Este mundo é o mundo da vontade de poder e nada mais." (F. Nietzsche)

domingo, 12 de julho de 2009

Para a Amiga Gall

TEU DENTRO, GALL

Um ácido
Protéico
Desliza e amansa
Adrenalinas finas
Agitam e contorcem
O corpo sabe
Peles Avisam
A boca suga
Substâncias descem
Circulam
Luzes acedem
Explodem
Lisura no rosto
Calma
Boca contrai
Sorriso
Lá dentro todos se olham
Prazer, aproveitam
Não há medo
Lá fora, paisagem
Que dentro tem
Paz....


(J.H.R)

Atemporal

Atemporal

Não! Não digas nada
Apenas queira
Não! Não interprete
Sinta apenas

Entre na deriva aqui
Não guio e nem conduzo
Também sou cego
Entendo de bem poucas coisas

Sim! Sinto
Posso isso contigo
No silêncio mais absoluto
Mesmo sendo a morte, me entrego

Já disse! Não duvido
As regras, as formas, meios...
As como diluídas
É aura com aura

Nada para enfeitar
Nada para ouvir
Sem antes, agora ou depois
É um paraíso: a dois...

(J.H.R)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

(Apesar de tudo, quer viver!!!) - Memórias do Subsolo - F. Dostoievski

"Não consegui chegar a nada, nem mesmo tornar-me mau: nem bom nem canalha nem honrado nem herói nem inseto. Agora, vou vivendo os meus dias em meu canto, incitando-me a mim mesmo com o consolo raivoso - que para nada serve - de que um homem inteligente não pode, a sério, tornar-se algo, e de que somente os imbecis o conseguem. Sim, um homem inteligente do século dezenove precisa e está moralmente obrigado a ser uma criatura eminentemente sem caráter; e uma pessoa de caráter, de ação, deve ser sobretudo limitada. Esta é a minha convicção dos meus quarenta anos. Estou agora com quarenta anos; e quarenta anos são, na realidade, a vida toda; de fato, isso constitui a mais avançada velhice. Viver além dos quarenta é indecente, vulgar, imoral! Quem é que vive além dos quarenta? Respondei-me sincera e honestamente. Vou dizer-vos: os imbecis e os canalhas. Vou dizer isto na cara de todos esses anciães respeitáveis e perfumados, de cabelos argênteos! Vou dizê-lo na cara de todo mundo! Tenho direito de falar assim, porque eu mesmo hei de viver até os sessenta! até os setenta! até os oitenta!.... Um momento! Deixai-me tomar fôlego..."