segunda-feira, 26 de maio de 2014

Relativo

Estou boiando nesse mundo
Quase limpo
Quase sujo
Às vezes escorro no desejo
Às vezes no desespero
No limiar da chama
Na pureza do gelo
Relativizo
No grito
No choro
O Eterno
Um cão, uma águia, uma víbora
Sussurram:
Vaaaai vaaai vaaai
E não há mais nada!


J.H.R

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Morte Lenta


Miudezas que vivo
Como água que balança leve
Em gota embaçada do orvalho inofensivo
Lá permaneço horas com falta de ar ultraleve
Só um latido pôde me despertar
Lindo e esguio na praia a caminhar
Madrugada raiando para os arredios
Eu e um cão incógnitos para lá dos prédios
Salvo naquele andar, brasinha de cigarro a denunciar
Dois imediatos amigos sãos e salvos do falar
Agora, como na vida, um pacto de hora
Ele vem
Eu vou
Ele vem, não vou
Eu vou, ele não foi...
Retorno à gota de orvalho opressivo
Finjo baixinho, feito impulso primitivo
Ignoro o pacto de hora
Até que me venha a última aurora

J.H.R

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Presságio

Deu tudo errado,
Meu Deus!
Vejo aquelas margens
E não reconheço nada – véus!
Desço nessas correntezas vorazes
Aos turbilhões
Em afogamentos
Trombadas e ferimentos
Todos eficazes!
Aquela criança de olhos verdadeiros
Acena-me...
Daqui da foz tento segurar suas mãos
Como isso, nesses longos anos, tem sido em vão
É como chuva escorrendo em quadro recém pintado
Desço dessa cena e não sei mais o que é de verdade...
Naufrágio
Contágio de um presságio

J.H.R