Tem um sentimento, depois do Amor, que se expressa em silêncio porque é mudo, do qual estarei envolto, para além da verdade, do sonho e desejo.
J.H.R
Foto: Joviano Alves
Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal. Friedrich Nietzsche (Esse blog foi um presente da amiga Esther)
Lugares e não lugares, enfim Outono.
ResponderExcluirQuerido amigo,JH
Hoje é um dia qualquer com cara de domingo. Li sua frase :
‘’ Tem um sentimento, depois do Amor, que se expressa em silêncio porque é mudo, do qual estarei envolto, para além da verdade, do sonho e desejo.’’
Enlacei esse sentimento e como de costume , procurei construir uma imagem para traduzi-la , na íris, o que ateias em meu coração com tão belo pensamento...Belo e igualmente generoso.
O quão errante são os caminhos da linguagem ?...a palavra amor, por exemplo, caiu num ciclo desgastado porque teimamos em aprisioná-la em nossos conhecidos conceitos.
Porque acorrentamos as palavras e as condenamos a significados restritos nos privando de sua autenticidade?
Existe essa absurda verdade além da palavra. Ignorar essa verdade é passar a contradizer a essencialidade necessária do Ser expressa no silêncio.
Já mencionei o quanto a leitura de Heidegger tem sido prazerosa, saciando essa fome de Ser.
Entre tantos textos interessantes, encontrei um pouco de ti neste:
‘’ O pensar do ser é a maneira originária do poematizar. Somente nele, antes de tudo, a linguagem se torna linguagem, isto é, atinge a sua essência.O pensar diz o ditado da verdade do ser. O pensar é o dictare originário. O pensar é poematizar.(...) A essência poemática do pensar guarda o imperar da verdade do ser”(A SENTENÇA DE ANAXIMANDRO : OS PENSADORES,p 23.).
É essa uma das razões que insisto na Poesis que ultrapassa os cinco sentidos .
Mas temo por não mais sentir o sopro do Vento da Palavra atenuar a febre do meu viver .Temo a invasão dessa além da verdade capturar e cativar todas as formas com que expresso meu pensamento pois estou convicta que depois de tudo restará apenas o pó do barro, resíduo carnal da existência.
Então somente por essa covardia, confesso, abater minhas horas com tarefas descomprometidas com as palavras vorazes.
Despeço-me feliz por compartilhar de teus invólucros e desse sentimento depois do Amor,
para além da verdade, do sonho e desejo.
Na cumplicidade de nossa amizade,
com carinho
Ntakeshi.
Brasília, 27 de março de 2011.
ResponderExcluirQuerida, Nancy
Sua carta apresenta a minha total impossibilidade de respondê-la. Apenas posso dizer que a vida, muitas vezes desprovida de significado e sentido, torna-se mais significativa, muitas vezes, quando deixamos de querer encontrar algo. No mais profundo de tudo, nada mais é que o caminhar caminhar caminhar e não teremos certeza alguma de encontrar. Então pareço-me convencido que os entes que encontramos são o sublime da travessia.
Um bom domingo e desculpe-me por ser tão breve.
Do seu amigo JH