sábado, 24 de janeiro de 2009

Pensar no Pensar - Nietzsche




“O pensamento...emerge em mim- de onde? Por meio de que? Não sei. Ele vem, independentemente de minha vontade costumeiramente envolto e ensombrecido por uma multidão de sentimentos, desejos, aversões, também de outros pensamentos... Nós o extraímos de tal multidão, limpamos, colocamo-lo sobre seus pés... quem faz isso tudo- não sei, e sou aqui, seguramente mais espectador do que causa desse processo... Que em todo pensar parece tomar parte uma multiplicidade de pessoas-: isso não é, de
maneira alguma, fácil de observar, somos fundamentalmente mais fortes no inverso, ou seja, ao pensar, não pensar no pensar. A origem do pensamento permanece oculta; é grande a probabilidade de que ele é apenas sintoma de um estado muito mais abrangente;que justamente ele chega e nenhum outro,
que ele chega justamente com essa maior ou menor clareza, por vezes seguro
e imperioso, por vezes fraco e carente de apoio...exprime-se em sinais, em
tudo isso, alguma coisa de nosso estado global ”(F. Nietzsche - Fragmento póstumo; GA
XIV,40s.Junho-julho de 1885 ,n. 38[1]; KGW VII3,p. 323 s , apud Muller-
Lauter, op.cit., p. 150).

3 comentários:

  1. Para os gregos a origem do pensamento estava no olhar encantado das crianças, no deslumbramento delas diante do banal,

    as coisas podem ser mais simples do que imaginamos,

    um filósofo disse: "As pessoas tendem a buscar motivos complexos, e o ser humano é medíocre e simples..."

    quase que concordo com ele,há um lado de verdade nisso, presuponho que as coisas não sejam tão simples assim,

    bj

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  2. Sim, Esther. A coisa que admiro muito no pensamento do Nietzsche, em especial sobre o pensamento, é de que não há uma unicidade do sujeito. Ele entende que o "eu" tanto discutido ainda é algo inalcansável, pois para ele há uma multiplicidade de "eus" em cada um de nós.... isso é o que eu mais gosto....

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