quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

No Beco


Insight
Mortais e mirabolantes
Cambaleantes
No beco
Ecos migram dos outros em mim
Nos tímpanos
Os símbolos dos desejos mais profundos
Que se realizam em mim
Em arte e sonho as dores do ser e ter
Do beco, vou bêbado dizer
O que se sonhou sóbrio

J.H.R

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Prece


Julga o meu caminhar
Alega o meu libertar
Meu olhar perdido a nada achar
Subtraio da tua alegria:
Meus calos
Meus medos
Em carne, meus joelhos partidos
Aquele perpétuo adeus...
Envolvo tuas mãos nas minhas
Revelo-te os segredos e minhas ladainhas
Do sal nos olhos crispados
Da boca e goela secas
Das raízes que me foram podadas
De todos aqueles que não verei jamais!
Beijo-te no rosto e verás
Meu resto de paz!


J.H.R

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Semeando


Rega-me:
Disse-me aquele lábio ressequido
De mim, soprando-me
Foto e síntese
Daquele beijo de água e pólen
Veio-me a hipnose de um amor em elipse
Musgo, pétalas, líquen... éden
Daquele sol em giro


J.H.R

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A Lente

Bem ao Longe
Na sarjeta
Cacos de vidro resplandecem
Como lupa do melhor mestre
A cicatriz
A Ruga
A lágrima
A vida líquida
Que entorna e seca
Ou de loucura embebeda

J.H.R

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Aquela Família


Breves golpes visuais
Colocam seres caminhando
Em memórias reais
Crianças, pai, mãe, irmãos?
Quase fatais

Novelos
Gatos
Laços
Fitas
E os papéis naturais

Entreolham-se
Reconhecem-se
Distinguem-se
Mas uma gota de sangue
Pinga e escapa – certificam-se

A mãe
O pai
O filho
E o espírito do lar

Os breves golpes se vão
E a fenda se abre
Profunda, doída e em vão
Em cicatrizes, rugas e na circulação!

Aquela gota de sangue
Ressequido coágulo
O futuro aprisiona
Em eterno presente que não passa
Nós! Outrora...

J.H.R

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ensaios



Rasgue a roupa
Sinta todos os sons
Vibrantes
Tons
A fina pele essência flor
Deguste em ensaio
Daquele preparo
Entretanto
Nesse ato
Teatro
Aceite um desmaio
Feche os pulsos
Se não quer soluços
Ponha sal na língua
Pois vão cheirar suas flores de maio
Sem os buços quentes
Não há beijo que sustente
Assim – daquele outro lado
Com o mundo já girado
Baterá lábio com lábio
Ouvindo dentro si....
Aplausos.... (e longa pausa....)

J.H.R

domingo, 23 de junho de 2013

Tênues Sinais


Incitamos os sinos daquela igreja
Na dúvida, no amor e na incerteza
Garantia, nenhuma...
risos antecipam o transe de quem comunga
Incertos, os sinos respondem...
Dormem... dormem... dormem... dormem....

J.H.R

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Aos Enamorados...


Virou um longa-metragem
Fala ensaiada
Rostos em toda paisagem
Desejo vacilante em forma de saudade

Perfumes
Acordes
Vozes
Faces nas faces

Intuiu um coração
O outro sente a ilusão
Devolve grossa pulsação
Mistura-se fel e mel e perdão

Um partiu
Dois partidos
Um outro em solidão
Desencontros com precisão

Embora tudo negue e conspire
O turvo, distante e míope!
Cede à luz daquele filme
Aos pares e aos milhares, aquele longo desejo de grand finale.


J.H.R (12/06/2013)

quinta-feira, 21 de março de 2013


Novelos de Sonhos...

Velando
Aqueles veleiros
Em velas vacilantes
No meio dos Vultos vorazes
Sussurrando vozes
Nos ventos sombrios vindos
Vivificados, vilipendiados!
Na vontade – vasovagal –
De volver a verdade
Primitivas volitassem
Laureadas vis
Bis
Triz
Vãs vertigens
Da vida...

J.H.R