segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Porção
Pé no chão em mato molhado
Leite em rosa pingado nos olhos
Restos de casulo comprovando o voo.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Os Dias.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Desesperança
Nada de ossos
Queria um som fino aveludado
Nada de destroços
A sexta vogal do cântico dos pórticos
Nada de lógicos
Queria uma ponta de língua em lábio beijado
Nada de dentes cerrados
Queria ser lançado em pólvora
Explodir com a hora
Colorindo esse resto de dia
Com brilhos de olhos
Queria sim...
Mas não posso.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
, ... :
sábado, 22 de outubro de 2011
Pele de Neve
Essência jasmim
Cubos de gelo em limão e malte
Fios de ouro além do ombro
Frio róseo em nuvem
Palmeiras dançando
Um perfil de estátua em cor de alma
Cheiro de infância
Relance de castanhos no fundo daqueles verdes
Fluem imagens
Imaginamos silêncios
Que dormimos no sempre...
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Bisbilhotando a mente...
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Disco Colorido
Digo um para não nomear
Tão intensas são as voltas...
Formam feixes que projetam no horizonte
O Universo devolve em cores
Em feixes diferentes
O carrossel se forma e convida
Porque a loucura colore e fascina
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Mono Logos
terça-feira, 5 de julho de 2011
Quase
segunda-feira, 13 de junho de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Eu da coisa do Eu
Sem garra
Sem ventosa
Sem presa
Sou a coisa
Com gênero
Com efeito
Efêmero
Sou como coisa
Passiva
Estável
Redimida
Sou descendente da coisa
Que sabe de si
Que espera de mim
A coisa em si
Da coisa que sou substantivo
Sem nome
Próprio ou coletivo
Achado ou perdido
Sou a coisa desejada das coisas
Coisa adjetivo
objeto coisa
Coisa objetivo
Sou a coisa química
Atirada e suprida
Animada e tímida
Coisa anímica
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Miragem
Tua essência
E sopro
Na secura da planície
E chove
Pisco
Lubrifico
E vejo
Oásis
J.H.R
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Pairando sobre...
terça-feira, 10 de maio de 2011
Nem sei se sei...
Enquanto há tempo, te dou as mãos.
J.H.R
sábado, 7 de maio de 2011
Entendendo nada...
As cordas ainda vibram e bagunçam a minha visão.
Tem sido difícil manter-me sustenido.
Se me quer em tom menor,
Cante um blues para mim
Que os olhos já estão marejando...
J.H.R
domingo, 24 de abril de 2011
Eu chego lá???
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Diante dos olhos...
J.H.R
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Leve...
J.H.R
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Não vejo...
J.H.R
domingo, 27 de março de 2011
Para além de...
terça-feira, 22 de março de 2011
Na Infância...

Nessa época entrávamos na escola aos sete anos. Muitas vezes sem ter passado por qualquer outra experiência parecida. Aos sete anos não sabíamos ler e nem escrever. Parece incrível pensar isso nos dias de hoje. Éramos tão inocentes e infantis que uma criança atualmente poderia nos parecer um adulto. Tínhamos muito pouco acesso à informação, a TV praticamente ficava o dia todo sem programas, quando muito um punhado de enlatados que hoje as crianças jamais perderiam tempo assistindo. À noite, nossos pais não nos deixavam à frente da TV. Invariavelmente às nove ou antes já estávamos dormindo.
Pensar e falar em coisas como sexo, violência, pedofilia e outras parece-me absurdo pensar nisso agora.
Pois bem, lá pelo ano em que essa foto foi tirada vivíamos em Brasília algumas epidemias, com várias campanhas de vacinação em massa. Afinal, em Brasília só tínhamos canteiros de obra e muita poeira, andarilhos, ciganos e trabalhadores da construção civil.
Então, certo dia, nessa mesma sala de aula da foto, estamos lá calmos e tranquilos com a nossa professorinha. Bateram à porta. Ao ser aberta, vem um recado da diretora da escola. Façam fila com as crianças pois elas vão tomar vacina.
Virei para o meu amigo e disse:
- Será que vacina é uma merenda boa?
- Sei não, nunca tomei, disse-me ele.
Fomos para a fila. Isso tudo mundo sabe. Os menores na frente e os maiores no final. Fila de meninos e meninas. Cada turma que se aprontava primeiro ia ficando na frente e as demais no final. Isso ocupou quase o pátio todo da escola.
Algo me deixou um pouco apreensivo. Porque a fila estava indo em direção à sala da diretora? Era a direção oposta à cantina. Comentei com o meu amigo e ele também estranhou.
Esse tal amigo, chamado Marco Aurélio, era o capeta em pessoa. Hoje em dia dariam o seguinte diagnóstico para ele: precoce, déficit de atenção, hiperativo, e não sei lá mais o quê.
O fato é que a fila andava muito lentamente, o que não era comum nos dias de merenda especial. As merendas comuns eram entregues na própria sala de aula. Fazíamos fila somente em casos raros. Devia ser algum método de socialização dos capetinhas.
Quando começamos a ficar bem próximos à sala da diretora, o dito Marco Aurélio deu um jeito de sair de fininho da fila e espiar o que ocorria na sala. Daí ouvimos um grito: "socorro! Socorro! Isso não é merenda coisa nenhuma!!!! Tem um cara lá que dá um tiro no braço e bate com o martelo na cabeça da gente!!!" Isso porque ele havia visto uma menina desmaiando ao tomar a vacina. Aquilo foi uma confusão dos infernos. A molecada abriu o berreiro, meninas desmaiando ecriança correndo para todos os lados. Fui encontrado entalado em um basculante do banheiro.
No outro dia, todo mundo meio amuado, febril e com o braço inchado.
Aquele mundo era tão pequeno, mas como éramos sinceros!!!
J.H.R
sexta-feira, 18 de março de 2011
Delirium Tremens
Era um monólogo. Ela passeava pelos temas mais diversos, dando um enfoque no que havia de mais misterioso no amor, algo que ela traduzia em suas leituras poéticas e em seu piano, que exercitava nas noites em que eu estava presente. Era interessante permanecer por ali, horas e horas, em silêncio, até que me pego hipnotizado por sua boca.
Fiz um esforço absurdo para me desviar e pensar em algo diferente, mas via aqueles lábios em movimento, aquele abre e fecha, o som, a cor e também aquele movimento horizontalizado de um sorriso disfarçado. Passei a ouvi-la numa espécie de som reverberizado e com eco suave. Havia uma mixagem em minha mente. Era intenso o prazer ao ouvi-la dizer: "é uma ponte que nos liga em amizade ao movimento artístico, onde a poesia nos traduz em seu silêncio, que nos desenha um futuro de proximidade e fartura". Como isso era apaixonante! Por que isso? Éramos tão distantes! Para ela a minha figura era de mais um homem absurdo trivial.
Confesso! Não havia tomado sequer uma gotinha de álcool. Agora ela passava para o piano e iniciou um tema de blade runner, que eu tanto gostava, só para provocar o replicante que havia me tornado. Aquilo era um domínio... um demônio... eu desejava aquela escravização. Fechei os olhos para melhor perceber aquele som mas fui guiado para o interior do piano. Fiquei balançando naqueles martelos, batendo suavemente as notas que me vinham assim: bom, bem, lua, tua... Tua?????
Vendo meus olhos vidrados, disse-me algo assustador: "A mágica do olho, não a do olho-mágico, é a amplitude que se dá ao se transformar em verbo olhar. Esse olho carnal humano, frontal, é mais espetacular no que ele transforma de objeto-imagem em imagem-reflexiva. No seu caso, afetiva. Esta última, provavelmente, já não seja mais uma função do olho em si, porém atesta, confirma ou desvirtua, dando significado cognitivo à imagem. Muito me chama a atenção aquilo que o olho vê e não vemos. Ter um insigth de algo de maneira inesperada, com a imagem que se recorda e não se explica, como se alguém refletisse em nós aquilo que vê, além do controle que exercemos? Em todo caso...
Meu Deus!!! É uma feiticeira. Por quais caminhos ainda quer me levar? Pode-se escravizar um corpo mas uma mente já é demais. Vou-me embora. Já passa da hora. Beijo. Até amanhã.
Abro o olho quase agora e me recordo dela. Delirium Tremens.
J.H.R
quarta-feira, 16 de março de 2011
Às vezes é melhor só pensar...
sábado, 12 de março de 2011
Carta virtual para a amiga Nancy e a sua resposta...
Brasília/São Paulo ou no meio do caminho. 12 de março de 2011.
Minha querida amiga Nancy,
Por mais uma vez estou em uma cena real provocada pelo sono. Caminho por ruas escuras em busca de um local onde seria ministrada uma palestra. Tão importante que somente uma pessoa poderia falar e somente uma a ouvir. Ao entrar por aquele galpão amplamente iluminado, de luz desconhecida, me deparo contigo em um púlpito. Abaixo apenas uma cadeira, a qual me sento. Ao sentar-me me vem à mente a palavra: réu!
Sem me cumprimentar, você inicia o discurso. Breve, porém direto. Acusa-me. Obriga-me. Condena-me a proferir uma palavra. Tal palavra deveria ser a tradução perfeita para um mundo sem o mal, vilão, dor, dúvida, doença, descrença, medo, angústia, loucura, ódio, pecado; com a perpetuação de uma felicidade sem altos e nem baixos por uma infinidade que a mente sequer supõe. Respirei fundo e pronunciei. Tal foi o impacto que você desmaiou. Para minha surpresa, um corpo etéreo levitou dentro do seu corpo original, segurou em minha mão e disse: criança.
Estou aqui por horas e horas fazendo o possível e o impossível para lembrar-me a palavra que foi dita por mim, mas acredito que só você poderá desvendá-la.
Assim, nesse minuto que estou em vigília, te convido para um novo encontro. Sim! Lá! Você bem sabe. Use a capa que quiser usar, pois sei que virá novamente de dentro de si. Estarei lá para lhe dar a mão. Continuo. Réu!
Fraternalmente, do seu amigo JH.
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Lugares e não lugares ou no meio do caminho. 12 de março de 2011.
Querido amigo, poetapensador JH
Teu sonho é a reinvenção de todas as tuas películas, do que tece tua alma.
Existe a leitura além do compreender-te nesse cenário, existe a palavra libertária.
A palavra que esgota o ‘’demasiadamente humano’’ que ocupa um corpo.
Porque o verbo te consome muito mais que o tempo da ação verbal, muito mais que todas as propostas da vida, o verbo te devora, mas a palavra é intrínseca.
Embora não caiba no pensamento, a palavra é tangível.
Essa fustigante busca ao ‘’inominável’’ já me rendeu noites de insônia...
Essa palavra que abre todas as outras palavras e revela-te um caminhar mais fulgente encerrando tuas vigílias, escapa-me a todo instante pelos poros por onde respira-se a poesia contida nos teus aforismos.
E bem sabes que logo ali na frente sou eu quem permaneço imóvel e réu.
Assim sendo, toda sentença que eu proferir, vã e filosoficamente, torna-se inópia, mísera e pálida diante dos teus anseios...
Posso por hora, apenas recomendar-te cautela nessa cobiça...
Essa palavra tão definitiva não pode ser inocentada pela beleza plástica, nem por conduzir-nos a uma plácida encenação de paz.
Essa palavra inteira que supre toda a felicidade, massacra o mistério que nos sustenta.
Ora, caro amigo foi da tua boca que ouvi tantas vezes que :
‘’O mistério só existe porque não cabe na individualidade’’.
Assim, compartilho dessa tua angústia enviando-te um placebo, um fio de letras miúdas para que possa montar em mosaicos essa tua voraz capacidade de sentir muito e compreender pouco...
Na cumplicidade de nossa amizade,
Ntakeshi.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Silêncio
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
domingo, 6 de fevereiro de 2011
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
HOMEM SOLITÁRIO ABSURDO.
Por favor, não quero incomodá-lo. Apenas fiquei te observando. Mais uma vez te vi nos poucos lugares que ainda é visto, feliz ou infelizmente é uma livraria em um shopping elegante e moderno. Lá vinha você, pensativo como sempre, naquelas alamedas estonteantes quando se depara com uma fila indiana imensa. Tratava-se de crianças carentes passeando naquele mundo de fantasia. Elas vinham cercadas por “monitores” na frente, no final e por todos os lados. Vi que passou bem perto e reparou aqueles olhares esbugalhados, como que drogados. Sim! Só alguém absurdo poderia imaginar o que imaginou: eles estão concentrados. Lembra daquelas cenas reais dos campos de concentração? Isso mesmo! Aqui nessa cidade não existe favela, apenas periferia. Eles se concentram lá! Já o haviam avisado para ficar longe da verdade, mas algo sempre esteve em você que a “verdade” se apaixona. Sabe qual é a verdade de um homem solitário absurdo? Não queira saber. É um diálogo frequente na cabeça, um amontoado de perguntas e respostas. Imagina-se de tudo. Parece uma preparação para algo que vai vir inesperadamente. Alguém, um ato, uma cena, uma pergunta... já imaginou um Raskólnikov passeando por um shopping? Que espécie de castigo é esse que se impõe? Estar apartado do mundo? Necessidade de clareza e honestidade? Necessidade de racionalizar tudo? Não se sabe ao certo, mas ele acredita que as mulheres são aptas a dar uma opinião. A sensibilidade ajuda. Inesperadamente conheceu uma dessas mulheres. As mulheres carregam sempre consigo uma proposta. Por ser um homem tímido e míope, faz sempre as piores leituras. São piores porque são puras. Os heróis solitários são puros essencialmente. Mas essa foi um pouco diferente, quis educá-lo em suas palavras. Disse-lhe para que “deixasse de ser esse filho da puta de santinho. Que não existe coisa pior e mais nojenta que um homem de bem. Essa coisa de misericórdia, de olhar puro diante do lixo e, principalmente, com um discurso quase impossível de ser superado. Mulheres gostam de cafajestes, trapaceiros, que apimentam a vida e colorem o mundo com suas nuances de banditismo” (Ahh essa doce mulher! Ela fica tão linda de rabo de cavalo e sua farda miliciana!). É preciso jurar! Aprender!. O homem solitário absurdo é, por conceito, um filósofo. Nem ele sabe o porquê e para quê. É por isso que ele é um párea. Talvez isso tenha ficado mais claro ao ler um daqueles emails que todos já leram, onde se diz que uma estudante interpretou Camões dizendo para ele largar de babaquice e arrumar uma mulher e fazer muito sexo. Como é que foi preciso uma criança para ligar a luz para a transvaloração moderna? Voltando a Raskólnikov: o mundo é extraordinário! Como já foi jurado acima, continua se prometendo, o homem absurdo, que será parte da imbecilidade. Vai crer na mídia, nos padres, nos pastores, na moda e no mercado. Afinal, talvez tenha chegado mesmo o momento de esvaziar a taça e encher o pote. O pote de personalidades variáveis, pois a cada dia todos matam seus personagens no final da noite, com ou sem choro. Assim fará suas preces, para que tenha criatividade para manter-se vivo. Afinal ser "um" todos os dias não é fácil.
J.H.R